As expedições científicas do CRUSTA são fundamentais para o estudo e conservação dos crustáceos nativos de ambientes costeiros e manguezais. A equipe de pesquisadores tem se dedicado, ao longo dos anos, ao estudo de diversas espécies, com destaque para o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), que desempenhou um papel crucial na formação e evolução do grupo.
As expedições incluem viagens a regiões como o litoral nordeste e o sistema estuarino-lagunar de Cananéia, com o objetivo de investigar a dinâmica populacional, a ecologia reprodutiva e o impacto ambiental sobre essas espécies. As abordagens utilizadas variam de captura manual a análise de amostras de sedimentos e águas. Esses dados são fundamentais para a implementação de políticas públicas e estratégias de manejo sustentável, além de contribuir para a conservação dos ecossistemas de manguezais.
Os camarões do gênero Alpheus, conhecidos como camarões-estalo, são crustáceos abundantes e diversificados em regiões tropicais e subtropicais. Alpheus buckupi, descrito recentemente, possui informações biológicas limitadas, especialmente no Litoral Centro de São Paulo. Este projeto tem como objetivo descrever a biologia populacional da espécie no Sistema Estuarino de São Vicente (SP), analisando a estrutura populacional, o crescimento relativo e o tamanho de maturidade morfológica. As coletas ocorreram entre fevereiro e julho de 2025, em áreas de manguezal associadas a resíduos sólidos que formam microhabitats. Serão realizadas análises biométricas e estatísticas para determinar padrões de crescimento e proporção sexual. Os resultados contribuirão para o entendimento da plasticidade biológica e evolução de A. buckupi, ampliando o conhecimento sobre sua distribuição e ecologia no litoral brasileiro.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Lucas Andrade Rizzo (Graduando – UNESP - IB/CLP) e Marcio Camargo Araujo João (Coorientador)
Duração: 01/09/2025 a 31/08/2026
E-mail: crusta.clp@unesp.br; lucas-andrade.rizzo@unesp.br

O presente projeto tem como objetivo classificar o grau de antropização em dois estuários do estado de São Paulo, o Complexo Estuarino Juréia Itatins (JUR) e o Sistema Estuarino Santos - São Vicente (SSV), através de exemplares da família Portunidae, especificamente siris da espécie Callinectes exasperatus. A classificação se dará pela quantificação de danos citotóxicos e genotóxicos em indivíduos machos adultos, utilizando biomarcadores de efeito como o ensaio NRRT (Neutral Red Redemption Time), que quantifica o tempo de retenção do corante "Vermelho-Neutro" nos hemócitos, e o ensaio MN‰ (células micronucleadas por mil) e demais anormalidades nucleares (AN‰). Após a realização de testes estatísticos, os resultados serão discutidos utilizando a bibliografia existente que utiliza outros braquiuros como objeto de estudo, a fim de confirmar potencial de C. exasperatus como "Sentinela-Ambiental”.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Pedro Gabriel Andrade Reis (Graduando – UNESP - IB/CLP) e Juliano José da Silva (Doutorando).
Financiamento: Projeto FAPESP (Proc. # 2025/12401-7).
Duração: 01/08/2025 a 31/07/2026
E-mail: crusta.clp@unesp.br; pedro.a.reis@unesp.br


Este projeto tem como objetivo avaliar possíveis danos celulares causados pela poluição em caranguejos chama-marés (Leptuca thayeri) que habitam dois manguezais do Estado de São Paulo: um conservado (Juréia – JUR) e outro sujeito a impactos antrópicos (Itanhaém – ITA). Para isso, serão aplicados dois biomarcadores: o Ensaio de Micronúcleo (MN‰), que quantifica células com danos genéticos, e o Tempo de Retenção do Vermelho Neutro (NRRT), que mede a estabilidade das membranas lisossomais, indicando o nível de estresse celular. A comparação dos resultados entre as duas áreas permitirá avaliar a qualidade ambiental de cada manguezal. As informações obtidas poderão contribuir para ações de monitoramento e conservação desses ecossistemas.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Elizabete Nascimento dos Santos (Graduanda – UNESP - IB/CLP) e Juliano José da Silva (Doutorando).
Financiamento: Projeto FAPESP (Proc. # 2024/16114-0).
Duração: 01/02/2025 a 31/01/2026
E-mail: crusta.clp@unesp.br; elizabete.nascimento@unesp.br


Os caranguejo gecarcinídeos apresentam um dos mais altos graus de terrestrialidade na infraordem Brachyura. Entre eles, destaca-se Johngarthia lagostoma (H. Milne Edwards, 1837), com sua distribuição mundial se restringindo a quatro ilhas oceânicas do Atlântico. Esta espécie é categorizada como “Em Perigo” (EM) pelos critérios da IUCN, devido ao seu endemismo, reduzida área de ocupação e qualidade do habitat. O presente projeto visa descrever o sistema reprodutor dos machos e fêmeas do caranguejo-amarelo, J. lagostoma, englobando sua anatomia interna e histologia/ histoquímica, além de avaliar crescimento relativo do primeiro par de pleópodos (GP, gonopódios) dos machos de J. lagostoma, ao longo da ontogenia, com auxílio da nanotomografia computadorizada (NanoCT). O entendimento sobre a morfologia do sistema reprodutor dos machos e fêmeas é essencial à compreensão do processo de cópula e fertilização dessa espécie, além de fornecer informações importantes que possam ser utilizados para a sistemática desse grupo de caranguejos terrestres.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Equipe: Esli Emanoel Domingues Mosna (Mestrando – UNESP - IB/RC) e Prof. Dr. Fernando José Zara (Coorientador)
Duração: 08/12/2023 a 05/12/2025
E-mail: crusta.clp@unesp.br; e.mosna@unesp.br


Os caranguejos da família Portunidae Rafinesque, 1815, conhecidos popularmente como siris, exercem papel fundamental na dinâmica ecológica de ecossistemas costeiros e estuarinos, atuando como predadores, presas e bioturbadores, além de possuírem expressiva importância econômica para a pesca artesanal e comercial. Este projeto tem como objetivo avaliar indicadores biológicos, populacionais e pesqueiros de portunídeos no Estuário do Rio Una do Prelado, localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una (Mosaico Juréia-Itatins), em Peruíbe, SP. Serão analisadas a composição e estrutura das espécies em diferentes áreas do estuário, utilizando índices ecológicos e parâmetros populacionais da espécie mais abundante, incluindo crescimento relativo, proporção sexual e fator de condição. As coletas ocorrerão sazonalmente em quatro pontos ao longo do gradiente de salinidade, com medições ambientais e análises granulométricas do sedimento, permitindo compreender variações espaciais e sazonais nas populações estudadas (SISBIO: 99180-1; CadGP: 0000221769/2025).
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Rodrigo dos Santos Rodriguez Lopes (Mestrando – UNESP - IB/CLP), Esli Emanoel Domingues Mosna (Mestrando), Pedro Gabriel Reis (Graduando)
Duração: 01/03/2025 a 01/03/2027
E-mail: crusta.clp@unesp.br; rodrigo.rodriguez@unesp.br



Os manguezais são ecossistemas estuarinos moldados por gradientes ambientais, como salinidade e nível de inundação. Esses fatores bióticos e abióticos podem influenciar diretamente os parâmetros populacionais das espécies que habitam os manguezais, e mesmo em menor escala, alterações nessas condições podem gerar efeitos significativos sobre a diversidade e abundância de organismos. Este estudo investiga os caranguejos chama-marés, organismos-chave desses ambientes, uma vez que escavam galerias para a sua proteção, modificando a topografia, a biogeoquímica e a ciclagem de nutrientes pelo processo de bioturbação dos sedimentos, sendo por isso denominados engenheiros ecossistêmicos. Serão realizados índices ecológicos (riqueza, diversidade, uniformidade, amplitude e sobreposição de nicho) no Sistema Estuarino de Itanhaém (SEI). Os quais serão avaliados em função da salinidade (gradiente horizontal), da inundação (gradiente vertical) e de atributos do sedimento (água intersticial, matéria orgânica, nutrientes e granulometria). As análises buscarão associar a composição e densidade das assembleias às variáveis ecológicas e ambientais, revelando padrões espaciais ao longo do gradiente estuarino.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Ligia Modenesi Moraes (Mestranda – UNESP - IB/RC)
Duração: 06/12/2024 a 06/12/2026
E-mail: crusta.clp@unesp.br; ligia.modenesi@unesp.br



A Mata Atlântica costeira abriga riachos de águas pretas sombreados e ambientes temporários como valas de estrada, rasos e abióticamente instáveis. Nesses cenários contrastantes, investigaremos a história natural de Trichodactylus petropolitanus, caranguejo dulcícola ainda pouco estudado. O projeto descreve estrutura e dinâmica populacional (abundância, razão sexual, estrutura de tamanhos e morfometria) entre riacho × vala ao longo das estações seca e chuvosa. Para conectar padrões a mecanismos, integraremos fisiologia térmica—CTmax e margem de segurança térmica (TSM)—e biomarcadores citogenotóxicos (micronúcleo, anormalidades nucleares e NRRT em machos), como indicadores sensíveis de estresse térmico e físico-químico. Esperamos que valas apresentem maior CTmax, menor TSM, ↑MN/AN e ↓NRRT, especialmente na chuvosa, refletindo maior variabilidade ambiental. Os resultados preencherão lacunas básicas sobre T. petropolitanus e gerarão indicadores operacionais para diagnóstico e conservação de ecossistemas dulcícolas da Mata Atlântica onde habitats naturais e antrópicos se encontram.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Esli Emanoel Domingues Mosna (Mestrando – UNESP - IB/RC) e Prof. Dr. Célio Magalhães (Coorientador)
Duração: 01/01/2026 a 01/01/2030
E-mail: crusta.clp@unesp.br; e.mosna@unesp.br


Johngarthia lagostoma é uma espécie de caranguejo endêmica de ilhas oceânicas, exercendo papel ecossistêmico fundamental desses ambientes. No entanto, devido à sua distribuição geográfica restrita, a espécie encontra-se atualmente classificada como “em perigo” de extinção no Brasil (IUCN), podendo a contaminação continental intensificar seu grau de vulnerabilidade. Este projeto de doutorado pretende quantificar as concentrações de onze metais (As, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, V e Zn) e de microplásticos em cinco tecidos de J. lagostoma e nos sedimentos de três ilhas oceânicas brasileiras (AR, Atol das Rocas; FN, Fernando de Noronha; e TR, Trindade) que apresentam diferentes graus de ocupação humana. Além disso, busca-se avaliar biomarcadores genéticos (AN, MN e SBs), citológicos (NRRT) e enzimáticos (CAT, GR, GST, ChE, LPO e MT), a fim de identificar possíveis efeitos dos contaminantes sobre o status de conservação da espécie e sua resposta fisiológica ao estresse ambiental.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe: Me. Juliano José da Silva (Doutorando – UNESP - IB/RC), Dr. Caio Rodrigues Nobre (Coorientador), Prof. Dr. Ítalo Braga de Castro (Pesquisador Associado), Dr. Harry Boos Junior (Pesquisador Associado), Prof. Dr. Rubens César Lopes Figueira (Pesquisador Associado), Profa. Dra. Tailisi Hoppe Trevizani (Pesquisadora Associada)
Duração: 01/02/2025 a 31/01/2029
E-mail: crusta.clp@unesp.br; jj.silva@unesp.br









Esse projeto tem como objetivo avaliar a riqueza, densidade e distribuição dos caranguejos gelasimíneos (chama-marés), em uma área de manguezal no Rio Itanhaém, no município de mesmo nome (SP), confrontando com dados obtidos em outras áreas de manguezal previamente estudadas. Além disso também visa investigar a biologia populacional da espécie de chama-maré M. vocator nessa mesma área, com base na distribuição de cada sexo em classes de tamanho, sua proporção sexual e da lateralidade dos quelípodos dos machos, além de estimar o tamanho de maturidade morfológica da espécie no local. Estimativas de riqueza e diversidade dos caranguejos chama-marés, assim como parâmetros populacionais relacionados à sua densidade e distribuição espacial são extremamente relevantes às avaliações sobre a taxa de produtividade e saúde geral do ecossistema manguezal. Estudos de biologia populacional das espécies de chama-marés também podem trazer informações relevantes sobre diversos aspectos e têm sido utilizados para comparar populações de espécies diferentes em uma mesma região ou mesmo populações de uma mesma espécie em áreas distintas. Desta forma, esses estudos são de extrema relevância ao melhor entendimento da estabilidade populacional desses caranguejos e do papel que eles têm no funcionamento dos manguezais.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Vice-Coordenador: Me. Nicholas Kriegler
Equipe: Ligia Modenesi Moraes (UNESP - IB/CLP) – Iniciação Científica
Duração: 01/04/2022 a 13/12/2024
E-mail: crusta.clp@unesp.br; ligia.modenesi@unesp.br





Os crustáceos da família Gecarcinidae MacLeay, 1838 são distribuídos em seis gêneros, todos considerados caranguejos terrestres por apresentarem um dos mais altos graus de terrestrialidade na infraordem Brachyura. Podem ser diurnos e notívagos, com esta atividade se elevando durante a estação chuvosa, devido ao aumento da umidade, quando ocorre maior disponibilidade de sementes e incidência de mudas. Trabalhos abordando aspectos relativos ao sistema reprodutor são comuns para muitas famílias da infraordem Brachyura, mas para gecarcinídeos, com os poucos trabalhos se restringindo ao guaiamú (Cardisoma guanhumi Latreille, 1828). Entre os gecarcinídeos, destaca-se Johngarthia lagostoma (H. Milne Edwards, 1837), conhecido popularmente como caranguejo amarelo, com sua distribuição mundial se restringindo a quatro ilhas oceânicas do Atlântico: Ascenção – pertencente ao Reino Unido – Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Trindade – sendo territórios do Brasil. Esta espécie é categorizada como “Em Perigo” (EM) pelos critérios da IUCN, devido ao seu endemismo, reduzida área de ocupação e qualidade do habitat, bem como pela ameaça gerada pela introdução de espécies domésticas exóticas. Tendo em vista tais pontos, o presente projeto visa descrever o sistema reprodutor dos machos e fêmeas do caranguejo-amarelo, J. lagostoma, englobando sua anatomia interna e histologia/ histoquímica, além de avaliar crescimento relativo do primeiro par de pleópodos (GP, gonopódios) dos machos de J. lagostoma, ao longo da ontogenia, com auxílio da microscopia óptica comum (MO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). O entendimento sobre a morfologia do sistema reprodutor dos machos e fêmeas é essencial à compreensão do processo de cópula e fertilização dessa espécie, além de fornecer informações importantes que possam ser utilizados para a sistemática desse grupo.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP IB/CLP)
Equipe: Esli Emanoel Domingues Mosna (UNESP IB/RC) – Mestrando
Duração: 08/12/2023 até o presente momento
E-mail: crusta.clp@unesp.br

Os ambientes marinhos sempre sofreram grande impacto por ações antrópicas. Com o maior adensamento populacional humano em regiões litorâneas, esses processos vêm se intensificando pelo aumento de diversos poluentes, decorrentes do descarte inadequado do esgoto doméstico, de efluentes industriais não tratados e disposição inadequada de resíduos sólidos. Tais contaminantes têm potencializado os riscos de degradação ambiental para as áreas costeiras, em especial a contaminação por metais, que detêm elevada toxicidade e permanência no ambiente. Os elementos metálicos são categorizados como essenciais (p. ex., Cu, Cr e Mn), quando participam de processos biológicos, ao contrário daqueles não essenciais (p. ex., As, Cd, Hg e Pb), que mesmo em pequenas quantidades são tóxicos. Os metais possuem alta mobilidade aquática, mas se acumulam nos sedimentos e no tecido dos organismos. A bioacumulação de metais pode acarretar distúrbios subletais para a biota local, promovendo danos genéticos e fisiológicos, muitas vezes irreversíveis. Dessa forma, a avaliação da citogenotoxicidade em organismos é relevante para o conhecimento do status de conservação do ambiente que ocupam, pois são consideradas alterações pré-patológicas. O camarão-fantasma (Callichirus corruptus) é uma espécie escavadora comum de praias arenosas, ao longo de todo o litoral brasileiro, se mostrando um excelente modelo pela importância ecológica que possui. O objetivo do presente estudo é avaliar o status de conservação ambiental de duas praias do litoral paulista, com base na quantificação de sete metais (As, Cr, Cd, Cu, Hg, Mn e Pb), bem como sua relação aos danos citogenotóxicos registrados nesse crustáceo. Neste contexto, serão confrontados os resultados entre uma praia urbana (Praia do Gonzaga, em Santos, SP) e uma praia prístina (Praia da Barra do Una, na Estação Ecológica de Juréia-Itatins, em Peruíbe, SP). Espera-se que os resultados obtidos possam subsidiar políticas públicas voltadas à gestão ambiental de praias arenosas, bem como confirmar a possibilidade de uso desse macrocrustáceo como espécie bioindicadora da contaminação por metais.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP IB/CLP)
Vice-Coordenadora: Tailisi Hoppe Trevizani
Equipe: Juliano José da Silva (UNESP-IB, CLP) - Mestrando
Duração: 28/03/2022 a 28/03/2024
E-mail: crusta.clp@unesp.br

Porcellanidae Haworth, 1825 é uma das famílias mais diversas e comuns de crustáceos decápodes de costões rochosos. Os membros desta família são conhecidos coletivamente como ‘caranguejos de porcelana’ devido ao seu pequeno tamanho, além do corpo e apêndices delicados. Espécies de porcelanídeos apresentam uma ampla variedade de associações simbióticas com outros invertebrados, podendo ser encontrado em simbiose com briozoários, aglomerados arenosos de anelídeos e em colônias de corais. Informações sobre a história natural de caranguejos porcelanídeos simbiontes são bastante escassas quando comparadas com espécies de vida livre. Diante desse exposto, este projeto está interessado em investigar a biologia populacional – proporção sexual, dimorfismo sexual, padrão de crescimento e maturidade morfológica – e a biologia reprodutiva – intensidade reprodutiva, fecundidade e esforço reprodutivo – de caranguejos porcelanídeos simbiontes, com foco especial em Pachycheles laevidactylus Ortmann, 1825, associado à aglomerados de Phragmatopoma caudata (Kroyer) Morch, 1863.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP IB/CLP)
Equipe: Esli Emanoel Domingues Mosna (UNESP IB/RC) – Mestrando; Guilherme Ciancio (UNESP IB/CLP) – Iniciação Científica
Duração: 05/02/2021 até o presente momento
E-mail: crusta.clp@unesp.br

O caranguejo-amarelo, Johngarthia lagostoma (H. Milne Edwards, 1837) está nas ilhas oceânicas brasileiras, onde desempenha importante papel ecológico, integrando o ambiente emerso ao ambiente aquático. Este caranguejo apresenta um padrão de coloração que varia do amarelo ao roxo, com distribuição espacial ocorrendo desde as praias até os topos de montanha, e está categorizado como “Em perigo (EN)” segundo critérios da IUCN, principalmente por sua reduzida ocorrência, a introdução de espécies exóticas e redução e qualidade de seu habitat. Visando sua conservação, estudos sobre sua distribuição e associação com a vegetação nativa são importantes para determinar áreas prioritárias para estratégias de manejo e conservação. Além disso, estudos sobre a relação do peso pelo tamanho corpóreo e fator de condição (FC) em crustáceos podem categorizar o “estado de saúde” dos indivíduos devido à qualidade e disponibilidade de alimentos, sendo, portanto, essencial à conservação de espécies endêmicas e ameaçadas. O presente projeto objetiva avaliar parâmetros da distribuição do caranguejo-amarelo (J. lagostoma) na Ilha da Trindade, em especial sua densidade populacional, relacionando-a com as diferentes vegetações da ilha. Para isso, tais parâmetros serão avaliados na praia dos Andradas, já conhecida por sua relevância para a espécie. O projeto também avaliará o fator de condição da espécie em quatro localidades distintas, duas praias arenosas (Andradas e Tartarugas) e dois morros (Platô do Príncipe e Morro do Desejado), buscando avaliar a variação destes parâmetros de J. lagostoma nestas distintas feições insulares, com observações sobre sua alimentação. Os resultados pretendidos visam entender a biologia populacional desta espécie em condições de mínima intervenção humana, visando auxiliar seu manejo podendo embasar futuras avaliações sobre seu estado de conservação e risco de extinção.



Trindade é uma das ilhas oceânicas mais estratégicas ao Brasil, localizada cerca de 1.300 km da costa e possuindo flora e fauna peculiares. Para que possamos manter o controle das 200 milhas náuticas ao redor do arquipélago ao qual a ilha pertence, é necessário conhecer aspectos da geologia e biodiversidade local, objetivo este capitaneado pela Marinha do Brasil e desenvolvido por pesquisadores sob fomento instituições de pesquisa de nosso país. Entre os animais que ali habitam, encontramos duas espécies de caranguejos sendo um pertencente ao ambiente recifal (caranguejo aratu, Grapsus grapsus) e ao ambiente terrestre insular (caranguejo-terrestre, Johngarthia lagostoma). Enquanto a ocorrência de G. grapsus é mais ampla, ocorrendo genericamente em várias ilhas oceânicas, os registros de J. lagostoma ocorrem apenas para quatro ilhas do Oceano Atlântico, uma delas pertencente ao Reino Unido (Ascensão) e as demais ao Brasil (Atol das Rocas, Fernando de Noronha ou Trindade). Por conta disso, o caranguejo-terrestre é considerada espécie ameaçada de extinção (categoria “EN”, endangered) devido às altas taxas de supressão de habitat registradas em ambientes insulares, bem como pela introdução de espécies exóticas. Pouco se sabe a respeito da biologia e ecologia destas duas espécies, principalmente na Ilha da Trindade, que possui uma população expressiva e, ao que tudo indica, ainda prístina. Ambas as espécies apresentam um relevante papel na conservação do ecossistema recifal, já que executam a ligação entre o ambiente terrestre e o recifal marinho dessas ilhas. O projeto pretende iniciar as pesquisas ecológicas com J. lagostoma na Ilha da Trindade, bem como continuar o monitoramento de cinco anos de G. grapsus nessa Ilha. Para J. lagostoma serão estimados o tamanho de maturidade sexual, fecundidade e crescimento relativo, bem como a densidade de adultos, larvas e juvenis. A análise de monitoramento dos adultos de G. grapsus será acrescida de mais três anos, bem como será iniciado o segundo ano de monitoramento larval dessa espécie. O estudo de distribuição espacial, parâmetros reprodutivos, crescimento e ecologia larval de J. lagostoma poderá esclarecer: a) as diferenças de tamanho nos diferentes ambientes insulares; b) a relação entre coloração da carapaça e a maturidade sexual; c) a época de produção de larvas; d) os locais de reprodução e recrutamento; e) como ocorre o recrutamento dos juvenis; e f) a vulnerabilidade da espécie a impactos ambientais. J. lagostoma consta como espécie ameaçada de extinção desde 2003, situação mantida na última avaliação, publicada em dezembro de 2014. Os resultados poderão trazer maior clareza a respeito da adequação da legislação à população da Ilha da Trindade. O projeto também pretende elaborar um documentário sobre as duas espécies, a incorporação de um sistema de informações que permitam um maior conhecimento e interação entre os pesquisadores, bem como possibilidade de uso dos resultados obtidos para a gestão populacional dessas espécies em ilhas oceânicas brasileiras.

Os camarões corruptos são classificados como engenheiros ecossistêmicos, por possuírem capacidade de modificação, manutenção e/ou criação de habitats, o que lhes confere relevância na construção estrutural da comunidade em habitats aquáticos pouco profundos. A informação sobre a diversidade e distribuição geográfica dos camarões corruptos do litoral de Brasil ainda é escassa, sendo vinculadas, principalmente, às regiões norte e nordeste do Brasil. Algumas investigações têm propiciado a confecção de uma listagem das espécies destes camarões, mas o conhecimento geral da distribuição geográfica deste grupo ao longo do litoral de Brasil é ainda bastante limitado. Baseado em um plano de coleta latitudinal, que abrangerá todo o litoral do Brasil, o presente projeto propõe examinar a diversidade e distribuição geográfica das diferentes espécies de camarões corruptos das infraordens Axiidea e Gebiidea. Além disso, espera-se obter importante informação populacional (p.ex., proporção sexual e presença de fêmeas ovígeras) para cada uma das espécies estudadas, correlacionando sua história de vida ao seu padrão latitudinal de distribuição geográfica na costa brasileira, além da estimativa de sua densidade (contagem do número de galerias) e coleta de material biológico, com amostragem de exemplares dos camarões corruptos e dos decápodos simbiontes associados às suas galerias. Para tanto serão efetuadas duas expedições no litoral brasileiro: (i) ERN, Região Norte-Nordeste; e (ii) ERS, Região Sudeste-Sul. Os resultados deste estudo contribuirão ao conhecimento biogeográfico deste importante grupo de camarões, como também poderão servir de base à realização de estudos sobre gestão e conservação das diferentes populações de camarões corruptos ao longo do litoral brasileiro.
Responsável: Dr. Patricio Alejandro Hernáez Bové (Investigador Associado - Universidad de Tarapacá - Chile)
Supervisor Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP/CLP).
Equipe: Membros do CRUSTA (UNESP - IB/CLP)
Financiamento: Projeto FAPESP (Nº Processo 2015/09020-0)



Ucides cordatus é uma espécie endêmica, abundante e muito explorada comercialmente em manguezais, apresentando relevância ecológica por atuar em vários processos. Modula a disponibilidade de recursos e, por isso, se adapta às variáveis abióticas e bióticas com as quais interage. Os cenários de mudanças climáticas indicam uma variação do nível do mar que poderá influenciar a distribuição espacial deste caranguejo, sendo preconizado seu deslocamento para topografias mais elevadas (“apicum”), onde os jovens encontram condições adequadas para se desenvolver. O objetivo deste projeto é utilizar um protocolo teórico em um monitoramento contínuo, de maior duração, que poderá detectar alterações na biologia populacional deste crustáceo, especialmente em sua densidade, estrutura e maturidade morfológica, como efeitos de mudanças climáticas locais ou regionais. Assim, parâmetros bióticos (biometria arbórea e densidade do caranguejo) serão confrontados àqueles abióticos (ar, água e sedimento), com recomendação daqueles explicativos e de maior relevância em nível espacial, sazonal e temporal. Este protocolo teórico foi previamente apresentado à “Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros” (ReBentos), não tendo sido ainda validado em campo, evidenciando sua originalidade e, em caso de sucesso, sua aplicação potencial em todo o litoral brasileiro. Assim, o delineamento é pretendido para a execução dos trabalhos em quatro anos (2015 a 2018), em duas subáreas (margem e "apicum"), com coletas sazonais (verão e inverno), em duas áreas amostrais: ESEC Juréia-Itatins, SP – equipe da UNESP/CLP; e ESEC Guaraqueçaba, PR – equipe da UFPR e ICMBio. Os resultados a serem obtidos poderão fornecer suporte a um plano de gestão, indicando possíveis alterações populacionais sofridas como efeito da elevação do Nível Médio Relativo do Mar (NMRM).
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro(UNESP/CLP).
Associados: Profa. Dra. Setuko Masunari (UFPR).
Equipe UNESP/CLP: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro; MSc. Caroline de Araújo Souza (DR); MSc. Renata Benito Pettan (DR); Márcio Camargo Araujo João (IC); Leonardo Silveira Maia (ME); Juliana Simão Saraiva (IC); Michel Tartarotti Angeloni (IC); e MSc. Wagner Ferreira Villano.
Equipe UFPR e ICM Bio: Profa. Dra. Setuko Masunari; Dr. Luiz Francisco Ditzel Faraco (ICM Bio); MSc. Kelly Ferreira Cottens (ICM Bio); MSc. Murilo Zanetti Marochi; MSc. Salise Brandt Martins; Biól. Madson Silveira de Melo; Madson Alves Campos; e Maicon André Wons Fernandes.
Financiamento: Projeto FAPESP-Boticário (Proc. # 2014/50438-5).



Uma das grandes preocupações ecológicas atuais refere-se ao impacto ambiental causado pela liberação antrópica de metais nos diversos ambientes naturais e, de maior importância, naqueles de maior interação com populações humanas, como os manguezais. No litoral da costa amazônica, essa liberações , ainda que insipientes, começam a alcançar escalas progressivas, onde os recursos disponíveis nos manguezais serão seus principais alvos. Dentre os organismos típicos dos manguezais está o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), que é um dos principais recursos pesqueiros utilizado na economia de subsistência e comércio informal pelas populações humanas do entorno desse sistema. O acúmulo de metais por este crustáceo é um dos maiores impactos a ser estabelecido no manguezal, dada sua importância para a sobrevivência das populações tradicionais. O principal objetivo deste projeto é avaliar o efeito tóxicológico da bioacumulação por metais pesados nos componentes abióticos e bióticos dos manguezais amazônicos localizados nas reentrâncias dos estados do Pará e Maranhão. Assim, será avaliado o grau de contaminação da água, sedimento, vegetação arbórea (Rhizophora mangle) e do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) por seis metais (Cd, Cu, Pb, Cr, Mn e Hg) em quatro áreas de manguezal, sendo duas (uma contaminada e uma prístina) em cada estado. O impacto geno e citotóxico sobre as populações do caranguejo-uçá, será avaliado com base na frequência de hemócitos (hialinócitos) micronucleados e no tempo de retenção do vermelho neutro pelos lisossomos. Os resultados desse projeto auxiliarão na melhor compreensão dos efeitos da contaminação por metais pesados no ambiente. Contribuindo assim, com informações essenciais para a adoção de medidas cabíveis pelas instituições públicas que tratam da qualidade ambiental, bem como para subsidiar tomadas de decisão quanto à conservação dos recursos disponíveis (ex. caranguejo-uçá) nos manguezais para uso das populações tradicionais que vivem no entorno desse sistema ao longo da costa amazônica brasileira.
Responsável: MSc. Ádria de Carvalho Freitas (doutoranda - UNESP/PPG-BA - São Vicente) & Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP/CLP)
Co-orientador: Prof. Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes (UFPA).
Associados: Prof. Dr. Marcelo Oliveira Lima (Instituto Evandro Chagas).
Equipe: MSc. Caroline de Araújo Souza (DR).
Financiamento: Bolsa de Doutorado - CAPES & Edital Universal CNPq (Coordenador Prof. Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes).



Cabe à Universidade realizar pesquisas científicas de qualidade, bem como sua tradução em linguagem de entendimento mais facilitado à comunidade. No caso do meio ambiente, os conhecimentos obtidos assumem primordial importância, principalmente em assuntos relacionados a sua preservação e a sustentabilidade de ecossistemas costeiros, como os manguezais. Desde 1998 o Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) tem desenvolvido pesquisas sobre a Biologia, Ecologia e Manejo do Caranguejo-Uçá (Ucides cordatus), bem como avaliações dos impactos humanos em manguezais paulistas, trazendo prejuízos ou supressão deste ambiente e sua biota. Tais conhecimentos vêm sendo transmitidos aos agentes gestores (professores do ensino fundamental) e seus alunos, através de palestras e da distribuição gratuita de uma cartilha de educação ambiental, concebida sob a forma de estória em quadrinhos, onde o assunto é apresentado com profundidade e humor, numa linguagem acessível de fácil acesso, especialmente às crianças. Na estória, duas crianças (Gu e Gui), descobrem o ambiente inicialmente hostil dos manguezais, conhecendo , também, o Prof. Magrão, um estudioso deste ambiente. Maravilhados com as novas descobertas, conhecem a importância dos manguezais, suas principais características e sobre a vida de seus habitantes. Apesar da estória ser centrada no ciclo de vida de uma das espécies ícone desse ambiente (caranguejo-uçá), outras espécies vão sendo apresentadas no decorrer da trama, fazendo com que as crianças descubram sua relevância ecológica e econômica. Ao final da estória, são apresentados vários passatempos aos alunos, como ligue-pontos, caça-palavras, desenhos para colorir e uma dobradura (origami) de caranguejo. Antes de receberem gratuitamente as cartilhas, os alunos participam de uma palestra em multimídia, além de participarem de atividades e dinâmicas em grupo sobre quatro temas relacionados ao ecossistema manguezal: 1) Meio Ambiente e o Manguezal; 2) A Fauna do Manguezal; 3) A Flora do Manguezal; e 4) Degradação e Poluição dos Manguezais. Esses temas são ministrados em quatro visitas que são realizadas em semanas consecutivas.
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Equipe Executora: Camila Evelyn Rodrigues Pimenta, Bruna da Silva Lopes e Márcio Camargo Araújo João
Financiamento: CEPSUL/IBAMA, FAPESP, FUNDUNESP e Pró-Reitoria de Extensão da UNESP (PROEX / Reitoria UNESP).



Callichirus major é uma espécie de camarão-fantasma com ampla distribuição geográfica no Atlântico Ocidental, apresentando expressiva relevância ecológica e econômica. Devido a sua abundância, a captura deste camarão é intensa, por seu uso como isca na pesca esportiva no litoral brasileiro. O presente projeto visa caracterizar a anátomo-histologia do sistema reprodutivo masculino e feminino de C. major, com base em possíveis alterações durante sua ontogenia, além de aspectos relacionados à dinâmica da estrutura social, razão sexual e recrutamento dessa espécie. Para isto, os camarões serão coletados mensalmente, durante um ciclo anual, na Praia do Gonzaga, Município de Santos (SP), com registro de informações individuais para cada galeria (p. ex., número de espécimes, sexo, registro de fêmeas ovígeras, etc.). Posteriormente, os exemplares serão medidos e dispostos em classes de tamanho. O sistema reprodutivo de cada sexo será também descrito quanto a sua morfologia externa, com registro das principais estruturas ao longo da ontogenia da espécie, usando um sistema de análise de imagens, com posterior desenho em mesa digital. Uma análise histo-anatômica dos testículos e ovários também será realizada durante a ontogenia, com submissão das peças à rotina histológica, para sua posterior descrição. A contagem mensal dos camarões por galeria permitirá estimar a estrutura social desta espécie, assim como a razão/pareamento sexual e recrutamento durante um ciclo anual. Os resultados deste estudo gerarão novos conhecimentos sobre C. major, contribuindo para a construção da história natural da espécie.
Responsável: Biól. Juliana Priscila Piva Rio (mestranda - UNESP/PPG-BA - São Vicente); Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro; Dr. Patricio Alejandro Hernáez Bové.
Associados: Nenhum.
Financiamento: Nenhum.




O presente projeto visa avaliar o impacto fisiológico e citotóxico em populações de caranguejo-uçá (U. cordatus) causados pela degradação dos manguezais paulistas, com base na dosagem de metalotioneínas, da lipoperoxidação, bem como avaliações de lesões genômicas (técnica do micronúcleo) e da integridade da membrana lisossômica (técnica do vermelho neutro). Através de análises de associação entre as respostas biológicas fornecidas pelos biomarcadores, pretende-se avaliar o estado de comprometimento de seis áreas de manguezal do Estado de São Paulo (Cananéia, Iguape, Juréia, Cubatão, São Vicente e Bertioga), previamente caracterizadas quanto a contaminação por metais durante o Projeto Uçá III (Processo FAPESP nº 2009/14725-1). Os resultados obtidos permitirão avaliar a plasticidade de resposta por cada um destes biomarcadores e, por comparação, validar o uso desta espécie de crustáceo como espécie sentinela e indicadora do estado de conservação dos manguezais brasileiros.
Responsável: MSc. Caroline Araújo de Souza (doutoranda - UNESP/PPG/IB - Rio Claro) & Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (orientador).
Associados: Profa. Dra. Flávia Pinheiro Zanotto.
Equipe UNESP/CLP: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro; Nicholas Kriegler (IC); Michel Tartarotti Angeloni (IC); Márcio Camargo Araújo João (IC); e Camila Evelyn Rodrigues Pimenta (IC).
Financiamento: Bolsa de Doutorado - CNPq (Proc. # 141627/2014-0).




Os estuários são ambientes de extrema importância, seja por seu valor cênico ou relevância ecológica ao ciclo de vida de muitas espécies marinhas e de água-doce. Em contrapartida, estão entre os ambientes mais afetados por conta de atividades antrópicas. Neste contexto, o Estuário de Santos está inserido em uma das áreas mais urbanizadas do litoral paulista, com vasto histórico de degradação ambiental em decorrência da poluição industrial, portuária e doméstica. Ainda assim, várias atividades são ali praticadas, como a pesca profissional artesanal e amadora, sustentando uma frágil cadeia produtiva. A constante modificação imposta ao Estuário de Santos por distintos tensores antrópicos e formas de uso, além da própria dinâmica natural, cria um cenário preocupante quanto a gestão. Até o momento os estudos sobre comunidades aquáticas têm figurado apenas em licenciamentos ambientais, não havendo referências para comparações temporais ou diagnósticos aprofundados sobre seu estado atual. Diante desta realidade, pretende-se avaliar a integridade ambiental do Estuário de Santos (SP), com base em indicadores biológicos e populacionais da ictio e carcinofauna, como ferramentas para o monitoramento e gestão ambiental. Para isso serão utilizados diferentes métodos de estudo, pautados em suas distintas eficácias e aplicabilidades ao cenário atual deste estuário. Pretende-se, assim, contribuir diretamente para a gestão do uso deste ambiente, identificação das espécies componentes da ictio e carcinofauna, avaliação da importância ecológica das áreas e seu estado de preservação, com vistas à manutenção do equilíbrio ambiental diante da atual política de expansão portuária.
Responsável: MSc. Marcelo Ricardo de Souza (doutorando - UNESP/PPG/IB - Rio Claro) & Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (orientador).
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Financiamento: Bolsa de Doutorado – CAPES.



O presente estudo visa validar o uso da morfometria geométrica e de índices reprodutivos (fecundidade e fertilidade), para o caranguejo Ucides cordatus, como técnicas bioindicadoras do estado de contaminação por metais, bem como da identificação de manguezais impactados ou prístinos. Foram estabelecidas 04 áreas, sendo duas de elevada contaminação (Bertioga e Cubatão) e as demais de contaminação reduzida/ausente (Cananéia e Juréia). Cada área compreenderá três subáreas, com a captura de 55 exemplares em intermuda (15 machos e 40 fêmeas), totalizando 165 indivíduos. Na morfometria geométrica serão utilizados apenas os exemplares machos para a análise do cefalotórax (vista dorsal), própodo quelar maior (face externa) e abdome. As imagens obtidas serão submetidas a programas específicos para estudo de simetria (cefalotórax e abdome) e variação de forma (todas as estruturas). Os índices reprodutivos por área serão representados pela fecundidade (relação NOxLC, com NO = número de ovos; LC = largura cefalotorácica) e fertilidade (relação NLxLC, com NL = número de larvas). As equações de cada índice serão confrontadas gráfica e estatisticamente, além de realizado procedimento para exclusão do efeito de tamanho. Os resultados serão comparados com o estado de conservação dos manguezais quanto à contaminação por metais, verificando sua sensibilidade e confiabilidade na detecção de áreas poluídas e prístinas deste ecossistema.
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (orientador).
Associados: Márcio Camargo Araújo João (aluno iniciação cientifica).
Financiamento: Nenhum




Callichirus major é um crustáceo decápodo escavador de sedimentos em praias arenosas. Estudos realizados em Santos (SP), entre 1983 a 1993, embasaram uma legislação municipal de defeso das espécies de Callianassidae (Lei Municipal nº 1.293/93), fato que não ocorre em municípios limítrofes, como São Vicente. O presente projeto visa uma avaliação comparativa da biologia populacional de Callichirus major entre as praias de Santos e São Vicente, com avaliação de parâmetros relacionados à estrutura de tamanho, densidade e razão sexual deste crustáceo, assim como alguns parâmetros hídricos (temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido) e edáficos (composição granulométrica e teor de matéria orgânica), relevantes à sua distribuição e adensamento populacional. Primeiramente será efetuado um teste de tamanho do quadrado ideal para as amostragens, assim como o número de réplicas ideal para cada área amostral. O possível efeito da declividade e distância do mar sobre os parâmetros populacionais da espécie será também testado em duas transecções de quadrados amostrais contíguos (vertical e paralelamente à linha de costa), com escolha daquela de menor variância para uso nas análises sazonais e temporais. O efeito dos canais de drenagem sobre os parâmetros populacionais desta espécie também será avaliado, empregando transecções próximas e distantes a eles. Com base nos resultados obtidos será estabelecido o número de subáreas amostrais em cada praia, levando-se em conta sua extensão (Praia do Itararé: 2,3 km; e Praia de Santos: 4,7 km). Cada subárea amostral será avaliada mensal e sazonalmente utilizando o tipo de transecção de quadrados definida previamente, contabilizando as galerias da espécie por quadrado amostral. Os exemplares serão removidos de suas com uma bomba sugadora em PVC, sendo os espécimes de C. major individualizados em sacos plásticos etiquetados, o mesmo ocorrendo com os animais simbiontes presentes nessas galerias. Os espécimes serão sexados e passarão por biometria com paquímetro de 0,01 mm (CC, comprimento cefalotorácico; CT, comprimento total; CO, comprimento da área oval; CPma, comprimento do própodo do quelípodo maior; e CPme, comprimento do própodo do quelípodo menor) e peso úmido em balança de 0,0001g (PE, peso úmido total; e PO, peso úmido da massa ovígera). As fêmeas ovígeras serão também registradas, bem como o estágio embrionário (inicial, intermediário e final). Todos os animais também terão seu estágio de maturação gonadal avaliado macroscopicamente, com posterior determinação do tamanho mínimo de maturidade sexual. A densidade da espécie será registrada pelo número de indivíduos/m2, a estrutura populacional pela distribuição dos exemplares de cada sexo em classes de tamanho de 1 mm CC e a razão sexual pela proporção macho:fêmea. Tais parâmetros serão determinados para as subáreas de cada praia, confrontado as duas praias estudadas e também numa análise sazonal e temporal. O período reprodutivo da espécie será determinado pelo registro mensal de exemplares ovígeros e/ou com gônadas maturas. Os dados biométricos serão submetidos a testes estatísticos que possibilitem a comparação estrutura das populações dessas duas praias. Os dados obtidos permitirão avaliar a atual situação biológica desta espécie, assim como a efetividade da legislação para sua proteção.
Responsável: Biól. Michel José Hereman (mestrando - UNESP/PPG-BA - São Vicente) & Prof. Dr. Marcelo A. A. Pinheiro.
Associados: Prof. Dr. Roberto Munehisa Shimizu (IB/USP).
Financiamento: Bolsa de Mestrado - CAPES.



O projeto pretende analisar a estrutura das populações de guaiamum ao longo do litoral pernambucano bem como realizar testes de genotoxicidade destes indivíduos para avaliação da "saúde" dos animais e do ambiente (Programa de Pós-Graduação em Genética - PPGG).
Responsável: Prof. Dr. Rodrigo Augusto Torres.
Equipe Executora: Prof. Dr. Rodrigo Augusto Torres, Profa. Dra. Monica Lucia Adams e MSc. Caio Falcão.
Valor Financiado: CNPq.


Os estudos de crescimento relativo e estimativa da maturidade morfológica são parâmetros populacionais relevantes ao melhor conhecimento destes dois processos antagônicos. Assim, o presente estudo visa avaliar algumas relações biométricas de Austinixa patagoniensis e estimar o tamanho de maturidade morfológica de cada sexo, numa análise comparativa em nível latitudinal com outras populações já estudadas. Os exemplares foram coletados associados a galerias do talassinídeo Callichirus major, na Praia do Boqueirão (23°59’23,3’’S - 46°19’42,3’’W), em Santos (SP), sendo sexados e medidos nas seguintes estruturas corpóreas: cefalotórax (LC, largura; e CC, comprimento), própodo quelar (CP, comprimento; AP, altura; e EP, espessura), abdome (LA, maior largura do 4º, 5º e 6º somitos) e gonopódios (CG1, comprimento do 1º par). Os pontos empíricos das variáveis biométricas foram subetidos à análise de regressão, com ajuste à função potência (y=axb), tomando LC como variável independente. Com base na constante “b”, foi determinado o padrão de crescimento alométrico para cada relação (b=0, isométrico; b<1= alométrico negativo; e b>1, alométrico positivo), com uso do teste-t (α=0,05) para confirmar sua diferença da unidade. A maturidade morfológica foi estimada com base no modelo linear (lny=a+b.lnx), em ambiente R Versão 2.13.0, com uso de bibliotecas específicas para análise de relações com inflexão durante a ontogênese ou sobreposição entre as linhas fase de desenvolvimento (jovem e adulta). Foram analisados 315 indivíduos (187 machos e 128 fêmeas), com tamanho (LC) variando de 3,8 a 12,2mm. Para os machos as relações biométricas que melhor evidenciaram alterações durante a ontogenia, com mudança na tendência dos pontos empíricos (“break-point”), foram aquelas relacionadas ao própodo quelar (p. ex., CP e AP). Nas fêmeas, por outro lado, as medidas tomadas em somitos abdominais foram mais discriminantes (p. ex., LA), com sobreposição entre as linhas fase de desenvolvimento. O tamanho de maturidade morfológica nos machos variou de 8,3 a 8,6mm, sendo posterior ao das fêmeas (7,0mm), valores estes obtidos com base em três relações biométricas para cada sexo. O confronto dos tamanhos obtidos com o de outros autores que também estudaram populações desta mesma espécie em nível latitudinal (23º a 32º S), evidenciam um menor porte em menores latitudes, com investimento reprodutivo antecipado quando comparado ao das populações mais austrais.
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro.
Financiamento: CNPq.


O presente estudo visa avaliar o grau de contaminação da água, sedimento, vegetação arbórea (Rhizophora mangle) e do caranguejo-uçá (Ucides cordatus) por metais pesados, em cinco manguezais paulistas, bem como analisar o impacto genotóxico sobre as populações deste crustáceo, com base na frequência de células micronucleadas.
Os manguezais são áreas de preservação permanente (APPs) e berçários de diversas espécies animais, incluindo o caranguejo-uçá, que é amplamente comercializado e consumido pelo homem em regiões litorâneas. Serão avaliadas cinco áreas de manguezal do Estado de São Paulo (Cananéia, Iguape, Juréia, Cubatão e São Vicente), previamente selecionadas de acordo com seu nível de poluição, cada uma delas representadas por três subáreas de amostragem. O sedimento, folhas da vegetação arbórea (R. mangle), estruturas corpóreas do caranguejo-uçá (U. cordatus) e água da galeria deste crustáceo serão amostrados para a quantificação de seis metais pesados (Cd, Cu, Pb, Cr, Mn e Hg), por espectrometria de absorção atômica. A hemolinfa de cinco caranguejos capturados/subárea (n=75) será colhida para o preparo de três lâminas/exemplar, que depois de coradas terão o número de células micronucleadas (MNs) quantificado sob microscópio óptico comum (1000X). Os dados obtidos pela quantificação de MNs, bem como dos níveis para cada metal pesado, serão submetidos à ANOVA simples e “nested” ANOVA, respectivamente, e as médias comparadas pelo Teste de Tukey (5%). Os resultados obtidos permitirão avaliar o estado de conservação dos manguezais e da qualidade dos estoques pesqueiros de U. cordatus, bem como compor parâmetros avaliadores de sanidade dessa espécie e orientar ações pelos órgãos governamentais para seu manejo.
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Financiamento: Auxilio Individual de Pesquisa - FAPESP (Proc. # 2009/14725-1) e FUNDUNESP (Proc. # 01255/10-DFP)




Este projeto analisou aspectos relacionados a densidade e estrutura populacional de Ucides cordatus, avaliando seu potencial extrativo, fatores exógenos que atuam sobre a densidade, delimitação da época de acasalamento (quantificação da “andada” e repleção da espermateca), análise da fertilidade/potencial reprodutivo, composição química das folhas de mangue, disponibilidade das folhas senescentes na alimentação do caranguejo- uçá e rendimento/composição química da carne. A transmissão dos conhecimentos também foi repassada a alunos do ensino fundamental, por palestras seguidas de distribuição gratuita de uma cartilha de educação ambiental. Uma população do caranguejo-uçá foi amostrada mensalmente por dois anos, em uma ilha estuarina localizada próxima a Barra de Icapara, Município de Iguape (SP). Cerca de 200 exemplares/mês foram capturados, sexados/classificados em três grupos de interesse (machos, fêmeas não ovígeras e fêmeas ovígeras), medidos (LC, largura cefalotorácica) e pesados em balança eletrônica (PE, peso úmido total). A estrutura populacional foi efetuada empregando a medida direta dos exemplares, bem como o diâmetro das galerias da espécie após conversão para tamanho. A época de cópula foi obtida pelos meses de maior ocorrência de fêmeas com espermatecas cheias de espermatóforos (cópula recente), sendo confrontada com o fenômeno de “andada”, registrado diariamente de 01/outubro a 31/março, associando-os a fatores ambientais. A densidade do recurso será determinada mensalmente para duas áreas de amostragem com diferente influência dos parâmetros exógenos, visando caracterizar possíveis diferenças estatísticas (p. ex., manguezais altos vs. baixos). Cerca de 30 parâmetros exógenos relacionados à atmosfera, água, sedimento e vegetação serão registrados em 73 pontos de amostragem, variando espacial (n=25) e temporalmente (n=48), além de correlacionados à densidade de U. cordatus, possibilitando previsões sobre as áreas de manguezal com maior potencial extrativo. A fertilidade será também quantificada e comparada à fecundidade, com determinação das taxas de mortalidade embrionária e de eclosão, seja para o total como nas classes de tamanho. A composição química e a disponibilidade das folhas senescentes sobre o sedimento dos manguezais atuam sobre o crescimento da espécie, que apresenta taxa distinta conforme a época do ano. O rendimento da carne e sua composição química ainda não foram devidamente abordados para esta espécie, que vêm sendo alvo de intensa exploração, com processamento e industrialização artesanal deste produto, principalmente no norte- nordeste brasileiro. As informações obtidas tem sido disponibilizadas em reuniões com os órgãos gestores e fiscalizadores deste recurso, colaborando com as discussões relacionadas ao manejo desta espécie.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Financiamento: FAPESP (Proc. # 2002/05614-2) e Fundação Biodiversistas – Programa Espécies Ameaçadas (Proc. # 020I/012004).







Este projeto avaliou aspectos relacionados ao crescimento, maturidade sexual, fecundidade, embriologia e época reprodutiva desta espécie na região de Iguape (SP). Uma população foi amostrada mensalmente durante dois anos, com captura de 150 exemplares/mês, que foram sexados/classificados em três grupos de interesse (machos, fêmeas não ovígeras e fêmeas ovígeras), pesados em balança de precisão 0,01g (PE = peso úmido total) e medidos com paquímetro (0,05mm) ou sistema de análise de imagens (0,01mm): cefalotórax (LC = largura; CC = comprimento), abdome (LA = largura do 5o somito), própodo do quelípodo maior (CP = comprimento e altura) e gonopódios (CG1 = comprimento do 1o par; CG2 = comprimento do 2o par). As relações biométricas CCxLC, CPxLC, LAxLC, CG1xLC, CG2xLC e PExLC foram submetidas à análise de regressão pela função potência (y=a.xb), para estudo do crescimento relativo da espécie. Para a obtenção das curvas de crescimento em tamanho e peso os exemplares de cada sexo foram distribuídos em classes de tamanho (LC) e as componentes modais empregadas para estabelecer seus parâmetros: constante de crescimento (k) e tamanho assintótico (LC∞). A maturidade foi avaliada macroscopicamente por inspeção do estágio gonadal, com determinação das curvas de maturidade fisiológica para cada sexo e estabelecimento do tamanho em que ela se inicia (LC50%). O tamanho na maturidade morfológica será determinado para as relações CPxLC (machos) e LAxLC (fêmeas), submetidas ao programa MATURE. O tamanho na maturidade foi comparado morfológica e fisiologicamente para cada sexo, com a estimativa do tamanho de maturidade funcional. Cerca de 50 fêmeas ovígeras tiveram a massa de ovos pesada e seu número (NO) quantificado por pesagem diferencial. A fecundidade potencial será estimada pela relação NOxLC, enquanto a fecundidade média relativa (F’) foi calculada sazonalmente para averiguar a estratégia reprodutiva da espécie. Os estágios embrionários foram descritos quanto a sua morfometria, coloração e proporção vitelo/embrião, além da coerência de seu agrupamento num número menor de estágios. A delimitação da época reprodutiva será estabelecida por análise do percentual mensal de fêmeas ovígeras na população, sendo checada com os percentuais mensais de exemplares com gônadas maturas. Os dados obtidos vêm sendo utilizados pelos órgãos gestores na adequação das leis que determinam a época de defeso da espécie na região, bem como pelo seu manejo populacional.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Financiamento: FAPESP (Proc. # 98/6055-0) e FUNDUNESP (Proc. # 302/99-DFP).






Este projeto analisou a dinâmica reprodutiva (época de cópula, de muda, de maturação gonadal e de desova), bem como a densidade e estoque populacional de U. cordatus, com projeções sobre seu potencial de extração imediato e futuro. Uma população dessa espécie foi amostrada mensalmente durante um ano nos manguezais da Baía da Babitonga (SC), com captura de 200 exemplares/mês. Estes foram identificados, sexados/classificados em três grupos de interesse (machos, fêmeas não ovígeras e fêmeas ovígeras), medidos com paquímetro (LC = largura cefalotorácica) e pesados em balança eletrônica (PE = peso úmido total). A estrutura populacional da espécie foi avaliada por inspeção dos histogramas mensais de distribuição de tamanho (machos e fêmeas). Cada exemplar foi classificado quanto ao seu desenvolvimento gonadal em três estágios (imaturo, em maturação e maturo), bem como mensalmente para estabelecimento da dinâmica gonadal de cada sexo. A delimitação da época reprodutiva foi estabelecida pelo percentual mensal de fêmeas ovígeras na população, sendo confrontada com o período de maior percentual de fêmeas maturas. A época de cópula foi obtida pelos meses de maior ocorrência de fêmeas com espermatecas cheias de espermatóforos (cópula recente), sendo confrontada com os meses caracterizados pela regressão gonadal dos machos (gônada matura para em maturação). A época de muda de cada sexo foi determinada pela associação dos estágios de muda com o padrão cromático do cefalotórax. Durante o período reprodutivo o fenômeno de “andada” e outros comportamentos típicos foram registrados diariamente, associando-os às fases lunares. As informações foram empregadas em fóruns de discussão sobre a legislação de defeso em vigor, norteando seu ordenamento extrativo na região e possibilitando a manutenção dos estoques para o futuro.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Financiamento: CEPSUL/IBAMA.




O estudo do ciclo de vida de crustáceos no ASPSP acrescentará novas informações sobre a relação das latitudes equatoriais e ambientes isolados com padrões reprodutivos e produtivos de larvas planctônicas. Esse estudo servirá como base para outros a serem realizados em ilhas oceânicas da costa brasileira, haja vista servirem como potencial atrativo a recursos pesqueiros e concentração planctônica, em especial das larvas de crustáceos, que servem de alimento a peixes. Crustáceos decápodos como caranguejos, camarões carídeos e lagostas são muito abundantes no Arquipélago, cuja proporção larval (recém-eclodidas e pós-larvas) pode indicar se a região é fornecedora ou receptora de larvas. O caranguejo Grapsus grapsus é muito abundante na parte emersa da ilhas, que atualmente tem sido continuamente visitada por pesquisadores. No entanto, seu papel no fluxo de energia é ainda desconhecido, sendo a reprodução uma das funções dos organismos que apresenta menor tolerância às modificações ambientais. Assim, o estudo da biologia reprodutiva auxiliará no monitoramento do impacto da presença humana no local; a biometria dos exemplares para o estabelecimento da maturidade sexual e em trabalhos sobre o crescimento e dinâmica populacional; e o registro larval nas amostras de plâncton um importante indício das relações entre a coluna d água e a porção emersa das ilhas.
Coordenadora: Profa. Dra. Andréa Santarosa Freire (Depto de Ecologia e Zoologia - Centro de Ciências Biológicas / Universidade Federal de Santa Catarina).
Financiamento: CNPq.




Os exemplares de Arenaeus cribrarius foram coletados mensalmente durante 12 meses com redes "otter-trawl" na zona litorânea de Ubatuba (SP), Brasil. Os animais foram medidos (LC, largura cefalotorácica sem os espinhos laterais), sexados e pesados (PE, peso úmido). A massa de ovos de cada fêmea foi pesada (PO, peso úmido dos ovos), seca, com contagem do número de ovos (NO). Foram avaliados os gráficos de dispersão das relações NOxLC, NOxPE e NOxPO, também submetidas a análises de regressão. A fecundidade media relativa foi calculada por mês/estação do ano, sendo comparada para verificar uma possível variação sazonal da intensidade produtiva. O número de ovos apresentou correlação positiva com as variáveis independentes analisadas, variando de 135.210 a 682.156 ovos. Esta fecundidade foi intermediária em relação a outros portunídeos, sendo mais elevada nos Portuninae e reduzida nos Polybiinae. A fecundidade media relativa não diferiu mensal ou sazonalmente, mas a maior intensidade reprodutiva ocorreu no verão e inverno, o que pode ser decorrente da reduzida variação térmica que caracteriza as regiões subtropicais. As curvas de crescimento foram obtidas da análise de 2.629 exemplares (1.293 machos e 1.336 fêmeas), com os animais de cada sexo distribuídos em classes de tamanho de 5mm. As modas de tamanho foram avaliadas em função do tempo e ajustadas ao Modelo de Von Bertalanffy, obtendo-se os seguintes parâmetros: tamanho assintótico de 120,52mm (machos) > 100,81mm (fêmeas); e constante de crescimento de 1,80 (machos) > 1,60 (fêmeas). A longevidade foi de 1,8 anos para os machos e 2,0 anos para as fêmeas. Os machos tiveram uma maturidade precoce (5,0 meses) quando comparada à das fêmeas (6,8 meses). A razão de crescimento e tamanho assintótico desta espécie foi superior ao de outras espécies de portunídeos, apresentando, por isso, grande interesse para a aquicultura.
Coordenador: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro.
Financiamento: Programa Jovens Pesquisadores - FAPESP (Proc. # 1995/09495-2).




Este trabalho teve por objetivo estudar o crescimento relativo, a maturidade sexual morfológica e a fecundidade do siri Achelous spinicarpus em uma região tropical, na plataforma continental Sudeste do Brasil (25º S). Foi realizada a biometria de todos os exemplares, considerando medidas do cefalotórax, quelípodo, abdome e gonopódios. O crescimento relativo foi descrito com base na equação alométrica (y=axb), enquanto que o tamanho de maturidade sexual foi determinado a partir de inflexões nas relações envolvendo o quelípodo, gonopódios (machos) e abdome (fêmeas), como variáveis dependentes, quando relacionadas à largura cefalotorácica (variável independente). A fecundidade foi estimada pelo método gravimétrico. As relações do comprimento do própodo quelar e espinho carpal pela largura da carapaça sem os espinhos laterais (CW) apresentaram alometria positiva em ambos os sexos, com significativa variação na constante “b” para os machos entre as fases de desenvolvimento (jovem e adulta) e tamanho de maturidade estimado em 37 mm de CW. Nas fêmeas, o abdome foi mais adequado na estimativa da maturidade morfológica, ocorrendo com tamanho inferior (32 mm de CW), com mudança no padrão de crescimento entre as fases, passando de isométrico (jovens) para alométrico positivo (adultas). Os gonopódios também evidenciaram diferentes taxas de crescimento entre as fases de desenvolvimento, inclusive em sincronia com as variáveis do quelípodo. A fecundidade média para a espécie foi 53,984 ovos, havendo correlação positiva e significativa entre o número de ovos (NE) exteriorizados e o tamanho (CW) das fêmeas, bem como a equação que permite a interconversão entre estas variáveis, devido ao ajuste da função potência (r2 ≥ 86%).
Responsável: André Luiz Pardal Souza
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro
Financiamento: Bolsa de Iniciação científica – FAPESP (Proc. # 2009/11711-0).



Emerita brasiliensis Schmitt, 1935 é um crustáceo anomuro conhecido popularmente no Brasil como “tatuíra”, com distribuição do Estado de Espírito Santo (Brasil) a Buenos Aires (Argentina). Foram coletados 834 indivíduos (290 machos e 544 fêmeas, sendo 97 ovígeras e 447 sem ovos), resultantes de amostras bimensais ocorridas de maio/ 1992 a março/1993, com peneiras na região intertidal da Praia Vermelha do Norte, em Ubatuba (SP), Brasil. Os animais foram sexados e medidos, apresentando comprimento cefalotorácico (CC) variando conforme o sexo: machos de 3,4 a 17,3mm (l3,2±2,1 mm) e fêmeas de 13,8 a 26,3mm (20,5± 1,8mm). As fêmeas preponderaram na população (0,54 macho:1 fêmea), embora em maio ocorreu um padrão inverso (1,84:1). As Fêmeas ovígeras ocorreram em todas as amostras (exceto em maio e setembro), com maiores frequências em julho e janeiro. É provável que a maturidade das fêmeas seja atingida com 17mm CC, que corresponde ao menor tamanho de fêmea ovígera encontrada.
Coordenadores: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro e Prof. Msc. Jelly Makoto Nakagaki

Os macroinvertebrados bentônicos são de grande relevância na avaliação e monitoramento da qualidade ambiental de ecossistemas aquáticos, particularmente aqueles submetidos a impactos antropogênicos. Os metais pesados podem ser acumulados pelos organismos desses ecossistemas, podendo atingir níveis tóxicos, mesmo em doses menores, levando em conta a interação entre eles. O caranguejo de mangue Ucides cordatus é um crustáceo semiterrestre herbívoro, que se alimenta das folhas e propágulos disponíveis sobre o sedimento de manguezal, tendo íntima relação com o sedimento e com a água existente em suas galerias. O presente estudo visa analisar o acúmulo de seis metais pesados (Cd, Cu, Pb, Cr, Mn e Hg) em três estruturas corpóreas do caranguejo-uçá (musculatura, hepatopâncreas e brânquias), bem como em três estágios de maturação foliar do mangue-vermelho (brotos, verdes maduras do terceiro ramo e amarelas senescentes nos ramos). Pretende-se que os resultados obtidos possam ser utilizados como parâmetro para escolher a melhor estrutura corpórea/estágio foliar em estudos de monitoramento desses metais em manguezais, disponibilizando importante informação sobre a bioacumulação na biota, principalmente no caso do caranguejo-uçá, que é um recurso pesqueiro relevante em várias regiões brasileiras.
Responsável: Pablo Pena Gandara e Silva
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro
Financiamento: Bolsa de Iniciação científica – FAPESP (Proc. # 2010/05129-3).



São escassos os estudos dedicados ao levantamento da macrofauna bentônica do talude continental ao longo do litoral brasileiro. Dentre os organismos associados aos fundos não consolidados, os crustáceos decápodos e os peixes perfazem a maior parte da biomassa nesses biótopos, pelo que se faz necessária a realização de levantamentos faunísticos de modo a identificar espécies-chave e obter estimativas de diversidade. Tal conhecimento fornecerá as bases necessárias para começar a entender o funcionamento da comunidade amostrada no presente projeto, além de possibilitar a identificação das espécies com potencial interesse comercial. As atividades de pesca ao longo do litoral brasileiro estão praticamente restritas à plataforma continental, pelo que poderão ser propostas alternativas para o desenvolvimento de uma atividade sustentável visando espécies de profundidade. Em comparação com a região norte do Estado de São Paulo, os estudos realizados no Centro-Sul são ainda incipientes, atendo-se principalmente a áreas estuarino-lagunares, mais produtivas. O presente projeto tem como objetivo caracterizar a composição, distribuição e diversidade de crustáceos decápodos e peixes no talude continental Centro-Sul do Estado de São Paulo, ao largo da orla costeira compreendida entre as cidades de Santos e Cananéia. O NPq 'Soloncy Moura' será utilizado como base operacional para as coletas sazonais durante dois anos consecutivos, prevendo um total de oito cruzeiros. A área amostrada estará compreendida entre as latitudes 25º a 27º S, totalizando cerca de 28.000 Km2. O navio percorrerá uma rota seguindo um modelo 'dente de serra' , num total de seis radiais, conduzindo em cada uma a três transectos de três Kms nas isobatas de 100, 300 e 500 m. Em cada transecto os organismos demersais e bentônicos serão capturados utilizando uma rede de arrasto de fundo, além de serem registrados os principais parâmetros fisico-químicos da água de superfície e fundo (temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido) e caracterizada a textura e a matéria orgânica associada aos sedimentos. O padrão de distribuição destes taxa será examinado em função dos principais parâmetros ambientais, possibilitando o reconhecimento de áreas prioritárias, visando propostas de conservação e gerenciamento. Os índices de diversidade e riqueza serão estimados na escala espaço-temporal definida. Também é prevista a elaboração de um levantamento de crustáceos decápodos e peixes, além de quantificar a abundância relativa das espécies capturadas, de modo a determinar quais constituem potenciais estoques pesqueiros. A biologia pesqueira dessas espéceis será estudada para a delimitação do período reprodutivo e tamanho da primeira maturação, que servirão de base para a elaboração de portarias de defeso a ser implementadas pelo CEPSUL/IBAMA.
Coordenadores: Prof. Dr. Marcelo Antonio Amaro Pinheiro
Financiamento: Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)



Emerita brasiliensis é um crustáceo hipídeo encontrado em países do Atlântico Ocidental. O presente estudo visa determinar o modelo da curva de crescimento em tamanho para machos e fêmeas de E. brasiliensis Schmitt, 1935, na Praia Grande, Ubatuba (SP), além de relacionar seus principais parâmetros a fatores ambientais com variação latitudinal ou local, caso disponíveis na literatura. No período de outubro/1996 a setembro/1997 foram realizadas coletas mensais na região intertidal da Praia Grande, em Ubatuba (SP), com uso de peneiras, com obtenção de 7.069 animais (4.295 são machos e 2.774 fêmeas). Os exemplares tiveram seu tamanho de referência (CC, comprimento cefalotorácico) medido com paquímetro ou sistema de análise de imagens, com posterior agrupamento por sexo em classes de tamanho de 1mm. Os dados obtidos foram digitados e analisados por mês e agrupamentos bimensais pelo programa FiSAT, com decomposição das componentes modais discriminados pelo Método de Battacharya, confirmados pela rotina NormSep. O melhor acompanhamento modal ocorreu com o agrupamento bimensal dos dados obtidos para cada sexo, com estabelecimento das componentes modais (média ± desvio padrão) e linkagem daquelas mais expressivas, referentes à mesma coorte etária. Com base nas coortes etárias foi estimado para cada sexo a taxa de crescimento, o tipo de modelo do crescimento em tamanho em função da idade (VBNS, Von Bertalanffy não sazonal; ou VBS, Von Bertalanffy sazonal) e os parâmetros de crescimento, particularmente a constante de crescimento (k) e comprimento máximo assintótico (CC∞). Para os machos a constante de oscilação (C) foi expressiva e significativa (C=1), indicando o modelo VBS para representar o crescimento, enquanto nas fêmeas não houve expressividade desta constante (C=0,3; p>0,05), com melhor ajuste por VBNS. Utilizando os métodos disponibilizados pelo FiSAT, informações pregressas importantes sobre a bioecologia de E. brasiliensis e planilhas eletrônicas para o ajuste das curvas de crescimento. A espécie apresentou longevidade de 6 anos, sendo maior nos machos do que nas fêmeas, com indícios de reversão sexual de machos para fêmeas a partir de 10mm (CC), com idade de 2 anos. Não foi evidenciado efeito significativo dos parâmetros ambientais analisados sobre o crescimento de E. brasiliensis, embora a existência do efeito latitudinal seja observado na revisão bibliográfica, com uma redução pouco expressiva do índice de desempenho de crescimento (Ø’) com o aumento latitudinal. Os valores deste índice foram discrepantes quando comparados aos da literatura, particularmente no caso dos machos, que apresentaram a menor constante de crescimento (k) quando comparada a outros estudos já realizados anteriormente sobre esta espécie.
Responsável: Bruna Trevisan Souza (Iniciação Científica)
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Antônio Amaro Pinheiro
Financiamento: Bolsa de Iniciação Científica – FAPESP (Proc. # 2010/15193-0).

